“Tem compaixão de mim, Senhor, porque eu me sinto debilitado;
sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão abalados” (Salmo 6:2). A
oração da Davi é o clamor de um homem que conheceu a dor, o peso e a
angústia da culpa. O pecado não compensa. Um minuto de alegria tem atrás
de si horas e horas de desespero e solidão. Adão e Eva foram atraídos
por uma experiência nova e fascinante, mas com tristeza tiveram que
abandonar o Jardim e ver mais tarde um filho tirando a vida do outro.
Esaú não pensou duas vezes para tomar o prato de lentilhas e depois teve
que chorar em desespero: “Pai, não tens outra bênção para mim?” Davi,
olhou para a mulher do vizinho, deixou-se arrastar pelas paixões
humanas, viveu seu momento de aventura e quanto o prazer da novidade
acabou, confrontou-se com a triste realidade de uma consciência
intranquila.
Justamente por conhecer o outro lado do pecado, o salmista clama:
“Tem compaixão de mim, Senhor, porque sou fraco. Sara-me, Senhor, porque
os meus ossos estão perturbados.”
“Sou fraco”. Esta é a triste realidade humana desde a queda de nossos
primeiros pais. Hoje, a raça humana carrega sobre si a natureza
pecaminosa. “Em pecado me concebeu a minha mãe”, diz Davi na oração de
arrependimento do Salmo 51.
Com esta natureza, nascemos separados de Deus e o que mais gostamos é
de viver longe de Deus. Sem Deus, passamos a ser pobres escravos de
nossas paixões e apetites. Machucamo-nos ao deixar-nos levar por eles,
mas nem por isso emendamos o rumo. Podemos tentar uma vez e outra.
Podemos fazer promessa após promessa, decisão após decisão, mas voltamos
sempre ao ponto de partida até um dia entender que em nós não existe
bem nenhum.
“Tem compaixão de mim, que sou fraco”, clamamos e ao fazermos assim
damos a Deus a oportunidade de operar o milagre da transformação, o
transplante de coração. Ele implanta em nós a natureza divina (II Pedro
1:4) e pela primeira vez aparecem os frutos espirituais de maneira
natural em nossa vida.
Davi foi conhecido nos últimos anos de sua vida como o varão conforme
o coração de Deus. Quer dizer que existe esperança para o homem que um
dia caiu nas profundezas do abismo. Quer dizer que nem tudo está
perdido. Quer dizer que embora nossas promessas nunca tenham sido
cumpridas existe saída para a alma na encruzilhada da morte. É só
clamar: “Tem compaixão de mim, que sou fraco”. É só reconhecer que Ele é
tudo em nós e ao reconhecer este fato, busca-Lo cada dia e viver com
Ele uma vida de comunhão ininterrupta, permitindo que Seu Espírito
santifique nossa vontade enfraquecida, e nos guie às obras maravilhosas
da vitória.
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